Génesis da Ferramenta

Oldowan – Há muitos, mas mesmo muitos anos atrás.

Se olharmos bem para um martelo, depreendemos de imediato a sua utilidade e função. No entanto, nem sempre nos apercebemos da longa e tortuosa estrada que nos trouxe até ele. Embora não seja de todo possível afirmar com exatidão quando surgiu a primeira ferramenta, acredita-se e estima-se que foi por volta de….enfim, muito mas mesmo muito tempo atrás. Num tempo em que o tempo mal existia e em que a aurora da Criação ainda brilhava tenuemente no horizonte.

Oldowan é o nome da primeira ferramenta conhecida como tal para o Homem. Tratava-se apenas de um pedaço de pedra nem muito dura, nem muito sólida, da qual se tiravam lascas para formar uma ponta afiada e uma base arredondada. Pelo que se sabe, serviam-se dela para lascar crâneos, cortar carne e esmagar ossos, entre outras coisas. Foi um engenho que fez disparar a atividade cerebral da nossa família humana, assim como abriu um leque vasto de possibilidades para o seu uso. Não há que subestimar a importância deste “pequeno” evento da nossa história. A ferramenta nasceu assim, quase como aquela frase “a necessidade é a mãe de todas as invenções”.

Foi assim que o Homem conseguiu estender a sua capacidade de se adaptar ao seu meio, expandindo, ao alcance da sua mão, a habilidade em se defender de um mundo bastante austero e cruel. Uma simples pedra consistiu na maior aliada da nossa caminhada inicial neste planeta. Fizeram-se vários utensílios, desde lanças, proto-machados, adagas e tudo o que amplificava a nossa força e precisão.

Com o passar dos milénios, os materiais foram-se aperfeiçoando, nunca deixando para trás o conceito basilar e fundamental do Oldowan. Começou-se por fundir metais , tais como cobre passando pelo ferro e depois por várias ligas metálicas compostas e temperadas pelo engenho e criação humana.

Chegamos assim ao martelo. Aquele para o qual olhamos com um certo hábito e indiferença, mas que se mantém orgulhosamente ao nosso lado ainda hoje.

Com as ramificações posteriores da invenção e criatividade, aliámos a energia ao utensílio. Surgiram assim as ferramentas mecânicas, a vapor e finalmente as eléctricas. Hoje em dia, essa maravilha que chamamos de Tecnologia, criou um mundo à parte de milhares e milhares de utensílios e gadgets que rivalizam entre si para nos servir da melhor e mais eficiente forma.

Como disse Leonardo da Vinci, “a simplicidade é o último grau da sofisticação”. Por isso, penso que seja importante, cada vez que pegarmos num martelo, lembrar-mo-nos da simplicidade que temos na nossa mão. Para além de companheiro inseparável do prego, esta ferramenta encerra em si uma longa história, a qual não conseguiria ser contada sem mencionar a evolução humana do engenho e da criatividade, do esforço e da conquista.

Assim, quando passar pelas nossas longas fileiras de ferramentas nas nossas lojas e se deparar com um martelo demolidor, um martelo pneumático ou quissá um simples martelo de orelhas, preste uma pequena homenagem a este simples e negligenciado objeto do nosso quotidiano, com todo o respeito q.b., que ele merece.

Dawud Rossi

Ferramentas.pt

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